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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Para lá do horizonte

 Todos nos perguntamos um dia, valsando entre pensamentos, o que mora para lá do horizonte?

Em sentido figurativo, tornamos a nossa vida essa linha imaginária, prendendo o olhar numa descoberta do futuro ou, na esperança de haver uma premunição, vislumbrando o caminho a seguir.

Na maioria das vezes, fruto da cegueira inconsciente, não possuímos habilidades necessárias de auto análise, levando a erros de interpretação e inevitavelmente à repressão dos sentimentos conscientes, fortalecendo a natural culpabilização do eu ou do outro.

Usando ainda essa linha imaginária, transpondo o que realmente interessa, apartamos os dados ou factos diretos da mira da observação, como é exemplo o reflexo do sol nas águas, a paleta de cores que se avista, a forma e intensidade da ondulação ou ainda o veleiro que cruza os mares. Analisamos o todo sem o recurso às partes, sem o despir da visão egocêntrica primária e recorrendo quase sempre ao julgamento simplista da culpabilização do outro.

Como seremos então capazes de visualizar a verdade?

Definitivamente com recurso ao tempo e da minuciosa desconstrução da imagem, atentos aos pormenores, mesmo os que sustentam o todo sem se ver, como as areias e rochas do fundo do mar!


sábado, 21 de agosto de 2021

Solidão do Pensamento

 

Preparo-me para viver no meu próprio eco, o eu comigo mesmo nos murmúrios do pensamento solitário.

Iniciei uma viagem sem retorno para a solidão do tempo e espaço. Deixarei a superfície para viver no submundo vazio, oco e sem eco.

Ouvirei apenas o meu pensamento, enquanto me for permitido não perder a consciência do meu eu.

Muitas vezes senão todas, a incompreensão da diferença fere mais que a tentativa falseada da compreensão.

Serei sempre um ouvinte atento, dos males que te aprazem, aprendendo eternamente novas técnicas e ferramentas de apuramento dos sentidos.

Chegará o tempo da incapacidade de recordar o som mais delicado, a nota musical mais ténue, a onda do mar mais mansa e o respirar mais silencioso.

Esquecerei a musica favorita, o choro da criança ou a vossa voz?

Serei presenteado por capacidade desconhecida, fruto da evolução dos tempos, capaz de contornar a morte celular incessante?

Aguardarei o porvir...



Sonho à janela

Lanço o olhar pelo horizonte

Firmemente, enredado pelo verde da paisagem

Eis que, deslumbrante em tela se projeta,

Pinceladas brancas no azul do céu quebrantas



Dançam as folhas aos pares,

enroladas pelo vento,

Valsando pelos salões do espaço

Volta aos meus braços ou para perto de mim.


E a musica?

Orquestrada pela natureza,

Chilrear de aves e gritos dos pardais,

Já mais esquecerei o teu cantar,

Amor na alma e voz no coração

nasceu em mim o querer do teu olhar.