Passados dois minutos e trinta segundos da meia-noite, o meu pensamento foi assolado por dúvidas, para as quais, não possuía qualquer resposta, óbvia ou directa.
Em mim caiu a ficha de algo aterrador, tal como lança em campo de batalha, feriu mortalmente o meu ego, amadurecido pelas experiências vividas. Aquilo em que religiosamente acredito desmoronou, como construção de cartas soprada por leve brisa.
Todos os segundos que passamos construindo o nosso castelo, transformou-se em tempo, onde o prazer já não move a máquina nem proporciona agradáveis motivos para continuarmos unidos.
Misturada a angústia do abalo com a surpresa dos sentimentos, nostálgicos e contundentes, nova explosão de adrenalina, seguida por mais uma questão dilacerante –“O que vou fazer agora?”
Volto a experimentar a dança da incerteza que me atira ao infindável e agreste campo vazio. Recordo então em retrospectiva, como se de uma película cinematográfica se trata-se, alguns dos mais belos momentos que passamos e vivemos intensamente. Ferido mortalmente, sou chamado à gélida realidade da questão já exposta.
Observo ao redor o nosso leito, tudo permanece inalterado, sinto o teu respirar calmo e sereno, distante do turbilhão em que me encontro. Agora a tua proximidade em nada me altera o ser, apenas a distância me parece familiar. Porquê? Porque já não sinto esse fio condutor, que outrora me ligava à vida e por ele, todas as moléculas de energia saciavam a minha cede de amor? Porque somos distantes, quando apenas uns escassos centímetros nos separam neste leito?
Talvez poderei acreditar, tal como nos romances badalados que acostam na prateleira e que desfolhas religiosamente, que os suspiros e desejos são o fruto da paixão, a pior dor, é a provocada pelo amor, por não te ter de corpo e alma… Perdemo-nos nos caminhos sinuosos da vida e quem sabe, talvez no futuro, os nossos caminhos voltarão a cruzar-se.
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